Têm sido vários os trabalhos publicados ao longo dos últimos anos acerca da edificação de Vila Real de Santo António. Investigações no domínio da História da Arte, do Urbanismo e da Arquitectura, da História Económica e mais recentemente no domínio da Cartografia e da História Militar. Porém, se a memória de individualidades como Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, permanece intacta a nível do conhecimento sobre a nossa História Local, o mesmo não se pode dizer acerca da preservação da memória do homem sobre o qual recaiu a desafiante responsabilidade de governar uma vila régia criada de raiz.
É sentido que, com o objectivo de resgatarmos aos baús do esquecimento a memória de uma personalidade incontornável da nossa História Local, propôs-se a instalação de um painel evocativo dedicado ao coronel Francisco de Mendonça Pessanha Mascarenhas: o 1º Governador de Vila Real de Santo António.
De facto, foi ao Coronel de infantaria Pessanha Mascarenhas, “governador da fortaleza da praia de Monte Gordo” (pelo menos desde 1769), que o ministro de D. José I, em 16 de Março de 1774, incumbiu de governar a então “Nova Vª de Sto Anto de Arenilha, como capital da Povoação do Termo della, (…) para obedecerem ás ordens de Vmce, como S. Magde manda”.
Com efeito, a documentação à guarda de arquivos nacionais, como o Arquivo Nacional da Torre do Tombo ou o Arquivo Histórico Militar, revelam que o governador Pessanha Mascarenhas manteve-se no comando da praça de Vila Real de Santo António não obstante a “viradeira” ocorrida com a morte de D. José I, em 1777, e o consequente afastamento do marquês de Pombal, tendo operado como representante e braço executor do aparelho de Estado até 1797, ano em que foi substituído no cargo pelo tenente-coronel José Lopes de Sousa. Quer isto dizer que, se somarmos o governo de Monte Gordo ao de Vila Real de Santo António, o coronel Francisco de Mendonça Pessanha Mascarenhas comandou o extremo sudeste algarvio de forma contínua e ininterrupta durante mais de um quarto de século, destacando-se, desde logo, como o governante que durante mais tempo segurou as rédeas do poder na vila régia nascida ao abrigo do Plano de Restauração do Reino do Algarve.